Cangaceiro
A palavra cangaceiro vem de canga, nome dado à peça de madeira que prende os bois pelo pescoço e os liga ao carro. O movimento ficou assim conhecido porque seus integrantes carregavam suas armas passadas pelo pescoço e ombros, como o gado no arado. Na verdade, existem duas formas cangaço. A primeira era sustentada pelos proprietários de terras e políticos como uma espécie de exército de defesa. Estes homens, armados, residiam na fazenda de seus chefes. A segunda forma, por sua vez, surgida no final do século XIX, consistia em grupo de homens armados que viviam errando pelo sertão. Tinham um líder e não se ligavam a partidos ou donos de propriedade, apesar de receber, em alguns casos, ajuda deles. Os membros deste tipo de cangaço eram constantemente perseguidos pela polícia.
Alguns personagens que se destacaram no cangaço foram:
> Virgulino Ferreira da Silva
Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião, nasceu em 7 de julho de 1897 na pequena fazenda dos seus pais em Vila Bela, atual município de Serra Talhada, no estado de Pernambuco. Era o terceiro filho de uma família de oito irmãos.
Lampião desde criança demonstrou-se excelente vaqueiro. Cuidava do gado bovino, trabalhava com artesanato de couro e conduzia tropas de burros para comercializar na região da caatinga, lugar muito quente, com poucas chuvas e vegetação rala e espinhosa, no alto sertão de Pernambuco (chama-se Sertão as regiões interiores e distantes do litoral, onde reinava a lei dos mais fortes, os ricos proprietários de terras, que detinham o poder econômico, político e policial).
Em 1915, acusou um empregado do vizinho José Saturnino de roubar bodes de sua propriedade. Começou, então, uma rivalidade entre as duas famílias. Quatro anos depois, Virgulino e dois irmãos se tornaram bandidos. Matavam o gado do vizinho e assaltavam. Os irmãos Ferreira passaram a ser perseguidos pela polícia e fugiram da fazenda. A mãe de Virgulino morreu durante a fuga e, em seguida, num tiroteio, os policiais mataram seu pai. O jovem Virgulino jurou vingança.
Lampião formou o seu bando a princípio com dois irmãos, primos e amigos, cujos integrantes variavam entre 30 e 100 membros, e passou a atacar fazendas e pequenas cidades em cinco estados do Brasil, quase sempre a pé e às vezes montados a cavalo durante 20 anos, de 1918 a 1938.
Existem duas versões para o seu apelido. Dizem que, ao matar uma pessoa, o cano de seu rifle, em brasa, lembrava a luz de um lampião. Outros garantem que ele iluminou um ambiente com tiros para que um companheiro achasse um cigarro perdido no escuro.
Comparado a Robin Hood, Lampião roubava comerciantes e fazendeiros, sempre distribuindo parte do dinheiro com os mais pobres. No entanto, seus atos de crueldade lhe valeram a alcunha de "Rei do Cangaço". Para matar os inimigos, enfiava longos punhais entre a clavícula e o pescoço. Seu bando sequestrava crianças, botava fogo nas fazendas, exterminava rebanhos de gado, estuprava coletivamente, torturava, marcava o rosto de mulheres com ferro quente. Antes de fuzilar um de seus próprios homens, obrigou-o a comer um quilo de sal. Assassinou um prisioneiro na frente da mulher, que implorava perdão. Lampião arrancou olhos, cortou orelhas e línguas, sem a menor piedade. Perseguido, viu três de seus irmãos morrerem em combate e foi ferido seis vezes.
Grande estrategista militar, Lampião sempre saía vencedor nas lutas com a polícia, pois atacava sempre de surpresa e fugia para esconderijos no meio da caatinga, onde acampavam por vários dias até o próximo ataque. Apesar de perseguido, Lampião e seu bando foram convocados para combater a Coluna Prestes, marcha de militares rebelados. O governo se juntou ao cangaceiro em 1926, lhe forneceu fardas e fuzis automáticos.
Em 1929, conheceu Maria Déa, a Maria Bonita, a linda mulher de um sapateiro chamado José Neném. Ela tinha 19 anos e se disse apaixonada pelo cangaceiro há muito tempo. Pediu para acompanhá-lo. Lampião concordou. Ela enrolou seu colchão e acenou um adeus para o incrédulo marido. Levou sete tiros e perdeu o olho direito.
O governo baiano ofereceu 50 contos de réis pela captura de Lampião em 1930. Era dinheiro suficiente para comprar seis carros de luxo.
Lampião morreu no dia 28 de julho de 1938, na Fazenda Angico, em Sergipe. Os trinta homens e cinco mulheres estavam começando a se levantar, quando foi vítima de uma emboscada de uma tropa de 48 policiais de Alagoas, comandada pelo tenente João Bezerra. O combate durou somente 10 minutos. Os policiais tinham a vantagem de quatro metralhadoras Hotkiss. Lampião, Maria Bonita e nove cangaceiros foram mortos e tiveram suas cabeças cortadas. Maria foi degolada viva. Os outros conseguiram escapar.
> Jesuíno Brilhante
Chamava-se Jesuíno Alves de Melo Calado, nascido em 1844, em Patu, Rio Grande do Norte. Fez-se chefe de Cangaço devido a intrigas com a família Limão, protegida por influentes potentados rurais das províncias do Rio Grande do Norte e da Paraíba.
Jesuíno Brilhante agiu no semi-árido paraibano e potiguar, quando a instituição do escravismo ainda vicejava de forma proeminente, refletindo as exigências da classe dominante em fazer valer seus interesses em detrimento de valores humanos.
O cangaceiro transformou-se em ´Robin Hood´, intervindo em prol dos humildes em diversas oportunidades, com ênfase quando da grande seca de 1877-1879, atacando comboios de víveres enviados pelo governo imperial, distribuindo-os com famintos e desvalidos dos sertões ermos e esquecidos.
Entre as mais fantásticas de suas ações encontram-se o ataque à cadeia de Pombal, na Paraíba, no ano de 1874, e a resistência à prisão em Martins, Rio Grande do Norte, em 1876.
Embora tenha feito várias alianças com chefes políticos, a exemplo da firmada com o comandante João Dantas de Oliveira, a fim de que houvesse condições de atacar a cadeia de Pombal, intuindo libertar o irmão e o pai, que ali se encontravam prisioneiros, Jesuíno se indispôs com o mandonismo local devido à sua ética.
A negativa em assassinar o eminente professor Juvêncio Vulpis Alba, em Pombal, rendeu-lhe a inimizade com o todo poderoso João Dantas, o que resultou em conluio deste com o Preto Limão, para que o vingador sertanejo fosse assassinado.
Jesuíno morreu de emboscada no Riacho dos Porcos, em Belém do Brejo do Cruz, na Paraíba, no final da seca de 1879, atingido por carga de bacamarte disparada pelo visceral inimigo Preto Limão.
Jesuíno morreu de emboscada no Riacho dos Porcos, em Belém do Brejo do Cruz, na Paraíba, no final da seca de 1879, atingido por carga de bacamarte disparada pelo visceral inimigo Preto Limão.
> Corisco
Corisco era o apelido do cangaceiro Cristino Gomes da Silva Cleto . Foi casado com Sérgia Ribeiro da Silva, alcunha de "Dadá". Corisco era também conhecido como Diabo Louro.
Em 1924, Corisco foi convocado pelo Exército Brasileiro para cumprir o serviço militar. Desertou em seguida, no ano de 1926, e tomou a decisão de aliar-se ao bando do cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, apelidado Lampião. Corisco era conhecido por sua beleza, seu porte físico atlético e cabelos longos deixavam-o com uma aparência agradável, além da força física muito grande, por estes motivos foi apelidado de Diabo Louro quando entrou no bando de Lampião.
Corisco sequestrou Sérgia Ribeiro da Silva, a Dadá, quando ela tinha apenas treze anos. Usou da força bruta para que com ele a moça permanecesse, e mais tarde o ódio passou a ser um grande afeto. Corisco ensinou Dadá a ler, escrever e usar armas. Corisco permaneceu com ela até no dia de sua morte. Os dois tiveram sete filhos, mas apenas três deles sobreviveram.
Desentendimentos com o chefe Lampião levaram Corisco a separar-se do bando e a formar seu próprio grupo de cangaceiros, mas isso não afetou muito o relacionamento amigável entre ambos.
Em meados do ano de 1938 a polícia alagoana matou e degolou onze cangaceiros que se encontravam acampados na fazenda Angico, no estado de Sergipe; entre eles encontravam-se Lampião e Maria Bonita. Corisco, ao receber essa notícia, vingou-se furiosamente.
Em 1940 o governo Vargas promulgou uma lei concedendo anistia aos cangaceiros que se rendessem. Corisco e sua mulher Dadá decidiram se entregar mas, antes que isso acontecesse, foram baleados. O cerco contra o cangaceiro e seu bando foi no estado da Bahia, na cidade de Miguel Calmon, em um povoado denominado Fazenda Pacheco. Corisco e seu bando repousavam em uma casa de farinha no momento do combate após almoçarem. O ataque foi comandado pela volante do zé Rufino, juntamente com o Ten. José Otávio de Sena. Dadá precisou amputar a perna direita e Corisco veio a falecer naquele mesmo ano. Com as mortes de Lampião e Corisco, o cangaço nordestino enfraqueceu-se e acabou se extinguindo.
Corisco foi enterrado, no cemitério da consolação em Miguel Calmon, na Bahia. Depois de alguns dias sua sepultura foi violada, e seu corpo exumado. Seus restos mortais ficaram expostos durante 30 anos no Museu Nina Rodrigues ao lado das cabeças de Lampião e Maria Bonita.
Coronel
Os Coronéis existiam principalmente no nordeste brasileiro na época da Republica Velha. Eram proprietários de extensas áreas de terras e de açudes de água.
O Coronel era uma espécie de Senhor Feudal que exercia grande autoridade sobre seus vassalos, no caso a população pobre.
Para o povo humilde do nordeste, restava apenas a miséria e a fome. Buscando amenizar seus sofrimentos, muitos nordestinos procuraram a ajuda dos coronéis. Em troca do auxilio prestado, os coronéis exigiam a consciência politica do povo.
Em tempos de eleições, eram os coronéis que escolhia quem os eleitores deveriam votar. Os capatazes do coronelismo, os chamados jagunços, entregavam para os eleitores as cédulas de voto já marcadas.
Essa forma de votação ficou conhecida como Voto do Cabresto. Uma vez eleito os coronéis escolhiam seus próprios parentes como funcionários públicos, o que garantia a continuidade da sua família no poder politico local.
Em 1930, o Coronelismo entrou em decadência com a subida de Getúlio Vargas ao poder brasileiro.
O Coronel era uma espécie de Senhor Feudal que exercia grande autoridade sobre seus vassalos, no caso a população pobre.
Para o povo humilde do nordeste, restava apenas a miséria e a fome. Buscando amenizar seus sofrimentos, muitos nordestinos procuraram a ajuda dos coronéis. Em troca do auxilio prestado, os coronéis exigiam a consciência politica do povo.
Em tempos de eleições, eram os coronéis que escolhia quem os eleitores deveriam votar. Os capatazes do coronelismo, os chamados jagunços, entregavam para os eleitores as cédulas de voto já marcadas.
Essa forma de votação ficou conhecida como Voto do Cabresto. Uma vez eleito os coronéis escolhiam seus próprios parentes como funcionários públicos, o que garantia a continuidade da sua família no poder politico local.
Em 1930, o Coronelismo entrou em decadência com a subida de Getúlio Vargas ao poder brasileiro.
Volantes
O agravamento do problema do cangaço levou as polícias estaduais a criar forças especiais para combatê-lo, as chamadas "volantes", comandadas por policiais de carreira, mas formadas por "soldados" temporários e cujos métodos de atuação - em especial em relação à população pobre - não era muito diferente daqueles dos próprios cangaceiros. Quanto ao governo federal, seu descaso pelo cangaço foi sempre o mesmo manifestado pelo semiárido de um modo geral.
De qualquer modo, em 1938, o governo de Alagoas se empenhou na captura de Lampião. Uma volante comandada por João Bezerra conseguiu cercá-lo na fazenda de Angicos, um refúgio no Estado de Sergipe.
pika
ResponderExcluirEstou escrevendo meu segundo livro sobre as aventuras de lampião, os quais eu mesmo ilustro, com histórias fuctícias e engraçadas. Aqui me foi vastante útil o blog.
ResponderExcluirÓtima matéria
ResponderExcluirÓtima matéria
ResponderExcluirKKKKKKKKKKKKKKKK
ResponderExcluirZika mermaum!
ResponderExcluirÓtimas notícias de lampião!
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